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A situação negligenciada

The Negleted Situation (1964) apresenta um fenômeno pouco estudado até o momento da publicação: a situação social na comunicação face a face. Descreve a complexidade das variáveis sociolinguísticas envolvidas nessa interação e também destaca a importância dessa situação. ”Uma vez cruzada a ponte entre os estudos da fala e os da conduta social, nos tornamos todos por demais ocupados para voltar atrás” (GOFFMANN in RIBEIRO e GARCEZ, 2002, pg. 13).

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Variáveis sociais que produzem efeito sobre o comportamento linguístico: idade, sexo, classe, casta, país de origem, geração, escolaridade, pressuposições cognitivo-culturais, bilinguismo, etc.

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Correntes de análise: indicativa – a descoberta de novas propriedades ou indicadores no comportamento linguístico. Primeiro o enfoque estava no discurso transcrito, porém agora a fala está recebendo mais atenção (movimentos da língua, movimentos das sobrancelhas, gestos). Destaque aqui para o fato de levar em consideração o que não pode ser capturado pela escrita. Exemplo: altura da voz/ distância do receptor. O comportamento enquanto se fala e comportamento dos que estão em presença uns dos outros constituem dois estudos diferentes.

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Correntes de análise: correlacional – são levados em conta os valores agregados (ambiente) aos atributos da estrutura social (idade, sexo). Percebe-se a necessidade de se observar, durante uma conversa, a situação social. Essa é a situação que vem sendo negligenciada. “Atualmente lida-se com a ideia de situação social da maneira mais inconsequente que há” (GOFFMANN in RIBEIRO e GARCEZ, 2002, pg. 16). As situações sociais demandam uma análise para si próprias. Uma situação social inicia quando dois indivíduos ou mais se encontram e segue até que a última pessoa tenha se retirado.

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Agrupamento: como se portar em um grupo social organizando as ações de acordo com regras culturais e de convivência.

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Quando duas pessoas em uma situação social são co-sustentadoras de um único foco de atenção cognitiva e visual, chamamos de encontro ou comprometimentos de face. Exemplo de encontros: jogos de cartas, casais em um baile, equipes cirúrgicas, etc. A fala ocorre dentro desses arranjos sociais por meio de turnos de fala. Os turnos de fala envolvem diversos participantes engajados na ação.

 

“A fala é socialmente organizada, não apenas em termos de quem fala para quem em que língua, mas também como um pequeno sistema de ações face a face que são mutuamente ratificadas e ritualmente governadas, em suma, um encontro social” (GOFFMANN in RIBEIRO e GARCEZ, 2002, pg. 16).

O estudo da grafia e o estudo da fala são diferentes. A interação face a face compreende o estudo de turnos de fala e de coisas ditas durante o turno de alguém.

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